Os indígenas que ocupam a sede da Secretaria de Educação do Estado do Pará (Seduc), em Belém, divulgaram uma nota na tarde desta segunda-feira, 3, reafirmando que não há qualquer acordo com o governo estadual e que a ocupação só será encerrada mediante o atendimento das reivindicações. As lideranças exigem a revogação da Lei 10.820/2024 e a exoneração do secretário de Educação, Rossieli Soares.

Além disso, os manifestantes cobram a presença do governador Helder Barbalho na Seduc para uma conversa direta com os representantes das etnias envolvidas no protesto. A nota também critica a reunião realizada pelo governador com outras lideranças indígenas, que, segundo o documento, não representam o movimento e possuem vínculos com o governo.
As lideranças também denunciaram tratamento desigual por parte do governo nas negociações. Segundo eles, na reunião da semana passada, articulada pelo Ministério dos Povos Indígenas, os participantes foram submetidos a forte aparato policial e impedidos de usar celulares. Já no encontro desta segunda-feira, 3, com indígenas alinhados ao governo, não houve restrições.
O movimento indígena ainda destacou que a Defensoria Pública da União ingressou com uma ação civil pública para impedir o governo estadual de divulgar informações falsas sobre as negociações. Os manifestantes seguem firmes na ocupação e reforçaram o convite para que Helder Barbalho vá pessoalmente ao local.

Professores mantêm greve e intensificam mobilização
Enquanto Helder Barbalho se reunia com as lideranças indígenas favoráveis ao governo, os professores da rede estadual decidiram manter a greve iniciada há 22 dias. Em assembleia realizada nesta segunda-feira, 3, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) reafirmou que a paralisação continuará até que suas reivindicações sejam atendidas.
A categoria também exige a revogação da Lei 10.820/2024 e a saída do secretário Rossieli Soares. A coordenadora-geral do Sintepp, Conceição Holanda, afirmou que não há confiança nas propostas apresentadas pelo governo e que a revogação da lei só pode ser feita por meio de um projeto encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).
Nesta terça-feira, 4, os professores farão uma manifestação em frente à Alepa para pressionar os deputados estaduais. Além dos docentes, a mobilização conta com o apoio de indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, que temem que a legislação facilite a substituição do ensino presencial pelo remoto, prejudicando ainda mais a educação em áreas rurais e indígenas.
A crise na educação paraense se intensifica, e a pressão sobre o governo Helder Barbalho aumenta a cada dia. Até o momento, não há sinal de recuo por parte dos manifestantes, que seguem firmes em suas exigências.
Com informações de Portal Opinião em Pauta