A Câmara Municipal de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, virou alvo de indignação popular após vir à tona a assinatura de um contrato que prevê o gasto de R$ 539.208,80 exclusivamente com brindes. A informação foi publicada no Diário Oficial dos Municípios na última quinta-feira (24) e reacendeu críticas sobre a falta de prioridades no uso do dinheiro público.


Sob a presidência do vereador Flávio Gomes, o Legislativo municipal firmou contratos com cinco empresas para o fornecimento dos materiais promocionais, com vigência de 12 meses. O motivo alegado no extrato é vago: atender “demandas da Câmara”. Não há qualquer explicação sobre a real necessidade da aquisição, tampouco sobre os tipos de brindes ou o destino final desses produtos.
Confira a divisão dos valores entre as empresas:
• M. M. M. Muller Présentes EIRELI – R$ 339.036,40
• E. Xavier Chaves Gustavo & Cia Ltda – R$ 101.042,00
• C. M. F. Comércio e Serviços Ltda – R$ 67.490,40
• LU Personalizados de Luxo Ltda – R$ 22.540,00
• Simoni Indústria Gráfica Ltda – R$ 9.100,00
Nas redes sociais, moradores do município questionam a lógica por trás do investimento em brindes enquanto a cidade enfrenta problemas recorrentes nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e segurança. “Brindes pra quem? Enquanto isso, postos de saúde seguem sem médico”, escreveu um internauta. Outro apontou: “Isso é deboche com o povo”.

O caso também acendeu críticas à falta de fiscalização interna. “Onde estão os vereadores que deveriam cumprir o papel de fiscalizadores?”, questiona um morador. O silêncio da OAB local e do Ministério Público também é alvo de críticas. “Até quando vamos assistir calados ao desperdício de dinheiro público?”, lamentou outro comentário.

A ausência de transparência e de prestação de contas por parte da Mesa Diretora da Câmara apenas aumenta a desconfiança da população. Sem resposta oficial até o momento, o episódio amplia o desgaste da imagem do Legislativo municipal e pressiona os órgãos de controle a se posicionarem.

Enquanto isso, cresce o sentimento de que a máquina pública continua bancando gastos supérfluos, longe das reais necessidades de quem vive em Canaã dos Carajás.