Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Marabá, nesta terça-feira, o vereador Jemison Pacheco (PL) voltou a gerar polêmica ao defender o secretário de Saúde, Webert Carvalho, e o prefeito Toni Cunha (PL), diante da suspensão das terapias para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que vinham sendo realizadas em clínicas conveniadas à rede municipal.

Em discurso na tribuna, Pacheco atacou blogs e comunicadores locais que divulgaram as denúncias das mães, classificando a cobertura como “politicagem”. No entanto, no mesmo vídeo em que criticava a imprensa, publicado em suas redes sociais, o vereador fez uma colaboração com um comunicador que havia sido um dos primeiros a noticiar a mobilização das mães atípicas — o que gerou ainda mais contradição.
Durante a fala, o vereador também se contradisse ao tentar justificar a situação. Primeiro negou que as terapias tivessem sido suspensas, chamando as denúncias de “fake news”. Pouco depois, admitiu que os atendimentos foram interrompidos por “falta de saldo contratual”, reproduzindo o discurso da Secretaria de Saúde.
A postura de Pacheco, que deveria exercer papel fiscalizador, foi vista como tentativa de blindar a gestão municipal e provocou reação imediata entre os colegas. O vereador Márcio do São Félix (PSDB) afirmou, em tom de advertência, que o papel do Legislativo “não é justificar falhas do Executivo, mas cobrar soluções concretas”. O presidente da Câmara, Ilker Moraes (MDB), também ponderou que “nenhum vereador deve agir como advogado de prefeitura”. Nenhum deles citou Pacheco nominalmente, mas o contexto deixou claro o alvo das críticas.
O vereador, que já foi chamado publicamente pelo prefeito Toni Cunha de buscar vantagens pessoais dentro da própria gestão, atualmente ocupa cargos que pertenciam à equipe do vice-prefeito João Tatagiba — e tem adotado uma postura de defesa constante da administração municipal, mesmo diante de denúncias graves.
A justificativa de “falta de recursos” usada por Pacheco e pelo secretário Webert Carvalho também foi alvo de questionamentos. Recentemente, a Secretaria de Saúde aditivou um contrato milionário com uma empresa fornecedora de materiais laboratoriais, ligada a um vereador aliado do prefeito. A dúvida levantada pelas mães foi direta: por que não houve a mesma agilidade para aditivar emergencialmente o contrato das terapias das crianças com TEA?
Nos comentários da publicação feita por Pacheco, mães e seguidores reagiram com indignação:




Apesar das explicações da Secretaria, o fato é que a Prefeitura de Marabá mantém mais de R$ 500 milhões parados em caixa, em um ano de arrecadação recorde — superando até Parauapebas, conhecida como “a capital do minério”. Mesmo assim, o município segue sem garantir o retorno das terapias das crianças autistas.