Um levantamento inédito realizado em outubro de 2024 e divulgado pela Tewá 225, com base em dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR), apontou que Parauapebas e Marabá lideram, de forma negativa, o ranking dos piores municípios para ser mulher no Pará. Parauapebas ocupa a primeira colocação no Estado e a quinta em todo o país. Já Marabá aparece logo em seguida no cenário paraense e em 12º lugar no ranking nacional.


O estudo avaliou 319 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, justamente para garantir maior equidade na comparação. Os dados utilizados são públicos e foram atualizados até novembro de 2024. No Pará, além de Parauapebas e Marabá, outros 13 municípios integram a lista, todos classificados com desempenho “muito baixo” no que diz respeito à igualdade de gênero.
A pesquisa considerou cinco indicadores: taxa de feminicídio a cada 100 mil mulheres, desigualdade salarial por sexo, percentual de mulheres ocupando cadeiras no legislativo municipal, taxa de jovens mulheres (entre 15 e 24 anos) que não estudam nem trabalham, e a diferença entre homens e mulheres que estão fora do mercado de trabalho e da educação.
Violência e sub-representação política
Dados do Portal da Transparência da Segurança Pública do Pará mostram que, somente em 2024, foram registrados dois feminicídios em Marabá e três em Parauapebas. A baixa representatividade política feminina também chama atenção. Em Marabá, das 21 cadeiras na Câmara Municipal, apenas quatro são ocupadas por mulheres: Dra. Cristina Mutran, Vanda Américo, Mayana Stringari e Priscila Veloso, o que equivale a 19% de representatividade. Já em Parauapebas, são três vereadoras entre 17 parlamentares, ou seja, 17%: Maquivalda, Graciele Brito e Érica Ribeiro.
Outros municípios paraenses no ranking
O índice elaborado pela Tewá 225 varia de 0 a 100, sendo considerado “muito baixo” o desempenho entre 0 e 39,99. Nenhum dos 15 municípios paraenses listados ultrapassa essa marca. Além de Parauapebas (19,23) e Marabá (23,30), outros destaques negativos são: Santarém (26,33), Paragominas (26,61), Bragança (27,87), Marituba (27,90), Itaituba (28,98), Barcarena (30,26), Altamira (30,73), Breves (31,88), Abaetetuba (33,23), Castanhal (34,62), Belém (36,53), Ananindeua (36,85) e Cametá (37,82).
Segundo o levantamento, 85% dos municípios analisados em todo o Brasil têm desempenho “muito baixo” na promoção da igualdade de gênero, revelando que o problema é generalizado, mas se acentua em regiões historicamente negligenciadas.
Realidade que exige ação
Embora representem 51,5% da população brasileira, as mulheres continuam sendo as principais vítimas das desigualdades estruturais. Somente em 2023, o país registrou mais de 1,2 milhão de ocorrências de violência contra mulheres, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Casos de feminicídio, violência doméstica e sexual compõem esse cenário, que atinge de forma desproporcional as mulheres negras, responsáveis por 63,6% das vítimas registradas.
Diante dessa realidade, os indicadores do IDSC-BR reforçam a urgência de políticas públicas direcionadas ao enfrentamento das desigualdades de gênero, com foco especial nas regiões em maior vulnerabilidade. A expectativa é que estudos como este possam orientar gestores e parlamentares na formulação de ações que garantam direitos, dignidade e proteção às mulheres.