Ação conjunta entre Zoobotânica, SEMMA, ICMBio e outras instituições reforça importância da cooperação na preservação da fauna amazônica

Uma sucuri de aproximadamente 5 metros de comprimento foi devolvida à natureza no último dia 13 de junho, em uma operação cuidadosamente coordenada na Floresta Nacional de Carajás, no município de Parauapebas, no sul do Pará. O animal, que estava sob os cuidados da Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM), passou por um processo rigoroso de reabilitação antes de retornar ao seu habitat natural.

A ação contou com a participação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e de outras instituições ambientais, reforçando o papel estratégico da cooperação interinstitucional na defesa da biodiversidade da Amazônia.

A escolha da Flona de Carajás como local de soltura não foi por acaso. Com mais de 391 mil hectares de floresta preservada e rica em biodiversidade, a unidade de conservação representa um dos principais refúgios naturais da região amazônica, oferecendo condições ideais para a reintegração de animais silvestres.
De Marabá à floresta: a jornada da sucuri
O animal foi resgatado e acolhido no Parque Zoobotânico de Marabá, sob os cuidados da FZM, uma das instituições mais atuantes na proteção da fauna no sudeste paraense. Criada em 1997 e oficialmente registrada em 1998, a fundação surgiu por iniciativa de marabaenses preocupados com a degradação ambiental, especialmente dos castanhais e da fauna local.
Hoje, o parque abriga mais de 300 animais e é mantido por recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente, da Sinobras, da Prefeitura de Marabá e da sociedade civil. Em dezembro de 2023, um marco importante consolidou o trabalho da instituição: a Licença de Operação emitida pela Semas, com validade até 2028, reconhecendo oficialmente o espaço como zoológico. “Fizemos todos os investimentos e modificações estruturais para essa licença sair. A partir de agora, podemos trabalhar para transformar o espaço em zoológico”, destacou Jorge Bichara, presidente da FZM, na ocasião.
Reabilitação: um trabalho minucioso
A reabilitação de animais silvestres é um processo complexo que envolve cuidados específicos para garantir que o animal recupere comportamentos naturais e possa sobreviver de forma autônoma em seu habitat. No caso da sucuri, foram meses de avaliação clínica, readaptação alimentar e observação comportamental.
Segundo o Ibama, só em 2023, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do país receberam cerca de 60 mil animais — a maioria aves, seguida por répteis e mamíferos. Desses, aproximadamente 40 mil foram reabilitados e devolvidos à natureza, evidenciando o papel essencial dessas instituições na manutenção da biodiversidade brasileira.
Os animais chegam aos centros de várias formas: por apreensões no tráfico ilegal, resgates em situações de risco ou entregas voluntárias de cidadãos. Uma vez acolhidos, passam por uma triagem e iniciam o processo de reabilitação, que pode incluir desde treinamento de voo até estímulo ao comportamento predatório — sempre com o objetivo de reduzir ao máximo o contato humano.
Flona de Carajás: refúgio estratégico da biodiversidade
Criada por decreto federal em 1998 e administrada pelo ICMBio em parceria com a Vale, a Floresta Nacional de Carajás é uma das maiores unidades de conservação do Pará. Além de sua importância ecológica, a área está localizada sobre a Serra dos Carajás, um dos sítios geológicos mais antigos do país.
A soltura da sucuri nesse território reforça o papel da Flona como abrigo para espécies ameaçadas e como ambiente seguro para a reintegração de animais que passaram por processos de resgate e recuperação.
Um exemplo de cooperação pela vida
Mais do que o retorno de um animal à natureza, a ação simboliza o sucesso de uma política de conservação baseada na colaboração entre órgãos públicos, instituições da sociedade civil e apoio da comunidade. Para os envolvidos, a imagem da sucuri deslizante em liberdade na floresta é um lembrete de que a preservação da vida silvestre depende do compromisso coletivo.