Uma nova variante do HIV foi identificada em três estados do Brasil, segundo um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na sexta-feira (16) na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Essa variante resulta de uma recombinação genética entre os subtipos B e C, e foi detectada em amostras de sangue de pacientes do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Embora os subtipos B e C, isoladamente, sejam responsáveis por aproximadamente 81% das infecções por HIV no Brasil, com o subtipo B sendo o mais comum, a nova variante é composta majoritariamente por material genético do subtipo C.

Segundo a pesquisadora Monteiro-Cunha, a predominância de sequências genômicas do subtipo C na nova variante pode sugerir uma pressão seletiva que favorece a manutenção desse subtipo, possivelmente devido a vantagens adaptativas ou replicativas. “Avaliamos outras formas recombinantes envolvendo os subtipos B e C, e na maioria delas, o subtipo C também predomina”, explicou a pesquisadora.

Apesar da descoberta, ainda não há evidências de que o tratamento atual contra o HIV precise ser alterado. “Os subtipos de HIV-1 parecem não apresentar diferenças significativas na resposta à terapia antirretroviral”, acrescentou Monteiro-Cunha. Entretanto, novos estudos são necessários para avaliar possíveis diferenças na taxa de transmissão e na progressão para a Aids entre essa nova variante e os subtipos B e C.

É importante destacar que misturas entre variantes do HIV não são inéditas. Desde a década de 1980, mais de 150 combinações entre as variantes B e C foram identificadas globalmente. Diante desse cenário, a pesquisadora reforça a importância de continuar investigando e monitorando o surgimento de novas variantes do HIV, o que é crucial para a vigilância e controle da disseminação do vírus e da doença associada.

Fonte: CNN / G1