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Advogado justifica morte de jovem com tiro: ‘É cultura de Marabá atirar ao comemorar gols’

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2 jun

Durante o julgamento de Vinícius Nogueira Gatti, acusado de matar com um tiro na cabeça o amigo Fabbllu Ohara de Lima Gonçalves, em janeiro de 2020, uma fala do advogado de defesa causou forte repercussão no Fórum de Marabá nesta segunda-feira (2). Segundo Américo Leal, defensor de Gatti, “colocar armas para cima e atirar ao festejar gols faz parte da cultura do povo de Marabá”.

Foto: Portal Correio de Carajás

A declaração foi feita enquanto o advogado tentava justificar o disparo que matou Fabbllu, ocorrido durante uma confraternização entre amigos no bairro Novo Horizonte. Na época, a vítima cursava o último semestre de Direito e deixou uma filha.

De acordo com a investigação da Polícia Civil, o disparo teria sido acidental, feito enquanto Gatti manuseava uma pistola. A versão, no entanto, é contestada por familiares da vítima, que acompanharam o júri e pedem a condenação do acusado.

O advogado classificou o julgamento como “processo da desgraça”, argumentando que não houve qualquer conflito entre Gatti e Fabbllu no dia do crime. “Estavam todos reunidos no local onde costumeiramente buscavam se reunir”, disse. Em seguida, afirmou: “Se não houvesse essa desgraça, eles estariam novamente reunidos no jogo do Flamengo e, quando entrasse um gol, colocavam as armas para cima e atiravam. Isso faz parte da cultura do povo do Marabá”.

Leal também declarou à imprensa que o “andar armado da juventude” seria uma prática “enraizada” na cidade e que serviria como forma de prevenção.

Família pede justiça

Do lado de fora do plenário, familiares e amigos de Fabbllu demonstraram revolta com a condução do processo. “A família está esperando por justiça, né? Já são cinco anos e o acusado está sem usar a tornozeleira eletrônica há quase um ano”, disse Suzi Oliveira, prima da vítima. “A gente fica incomodada. Uma pessoa que cometeu um crime tão brutal tá convivendo na sociedade assim, livremente.”

Ela afirmou ainda que os pais de Fabbllu seguem abalados com a perda do filho. “O Vinícius atirou na cabeça dele e não prestou socorro. Ele ligou para o Samu e fechou as portas. O Samu teve que invadir a casa para resgatar. Foi muito covarde, não só da parte dele como das outras pessoas que estavam presentes.”

O caso

Fabbllu Ohara de Lima Gonçalves tinha 30 anos quando foi morto, em uma reunião informal na casa de Vinícius Gatti, no bairro Novo Horizonte. Após o disparo, Gatti acionou o Samu, mas fugiu do local antes da chegada da ambulância. Ele se apresentou dias depois à delegacia, quando já havia um mandado de prisão em aberto contra ele.

Além da acusação de homicídio, Gatti também responde por porte e uso de arma de fogo. O julgamento segue no Fórum de Marabá.

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