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Com mais de R$ 200 milhões que o prefeito distribuiu para empresas forasteiras, Marabá sofre com desemprego

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1 dez

Marabá vive um dos momentos mais delicados da sua economia recente. Enquanto empresários locais enfrentam dificuldades para manter portas abertas, a Prefeitura de Marabá, sob gestão de Toni Cunha (PL), tem direcionado mais de R$ 200 milhões em contratos — muitos deles por adesões de atas sem licitação — para empresas de fora do Pará, deixando o setor produtivo local em alerta e revoltado.

A prática, que já provoca reclamações em grupos internos da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), contraria a lógica básica de fortalecimento econômico: contratar empresas locais, gerar empregos e manter os recursos girando dentro da própria cidade. A situação gera ainda mais incômodo porque o vice-prefeito de Marabá, João Tatagiba, é figura influente na entidade e foi presidente da ACIM até o ano passado — o que aprofunda o clima de contradição e descontentamento entre os empresários.

R$ 115 milhões de volta

Farra das adesões de atas cresce enquanto o emprego entra em queda livre

A insatisfação do setor produtivo coincide com números alarmantes do mercado de trabalho em Marabá. Segundo dados oficiais do CAGED, divulgados nesta quinta-feira (27), o município registrou 2.752 demissões apenas em outubro. Em setembro, foram 2.743 desligamentos.

Somados, 5.495 trabalhadores perderam o emprego em apenas dois meses — cenário que impacta diretamente o comércio e serviços locais.

Do outro lado, também chama atenção o fechamento de empresas: de acordo com o Mapa de Empresas do Governo Federalmais de 500 negócios encerraram suas atividades nos últimos três meses em Marabá, acompanhando a queda de circulação de renda e a retração do consumo.

Empresas locais ficam de fora, enquanto milhões saem do município

Apesar do colapso econômico visível, a gestão municipal continua apostando em grandes adesões com empresas de outros estados, especialmente São Paulo. Em novembro, a prefeitura homologou — sem licitação — mais uma adesão milionária: R$ 17,5 milhões para uma empresa de Santana de Parnaíba (SP) produzir peças técnicas e gráficas de projetos de obras públicas.

É apenas um exemplo dentro de uma lista cada vez maior, que já ultrapassa R$ 200 milhões em contratos assinados com firmas que não possuem vínculo com Marabá, nem empregam trabalhadores daqui.

Para empresários e especialistas em desenvolvimento local, a equação é direta:

quanto mais a prefeitura terceiriza recursos para empresas de fora, menos dinheiro circula na cidade e maior é o impacto sobre empregos, comércio e arrecadação.

Clima de frustração cresce na cidade

Com a crise instalada, cresce entre empresários, trabalhadores e lideranças sociais a cobrança por transparência, responsabilidade e uma política municipal que priorize a economia local. O sentimento geral é de que, enquanto a prefeitura mantém a porta aberta para empresas de fora, quem vive em Marabá enfrenta o peso do desemprego, da queda nas vendas e do fechamento de negócios.

O contraste entre a crise real e o fluxo milionário de contratos para empresas externas alimenta o debate sobre prioridades e compromissos da gestão — e coloca a economia de Marabá diante de um desafio que exige respostas urgentes.

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