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Gestão de Toni Cunha privilegia empresas de fora e movimenta R$ 96 milhões em contratos sem licitação na Prefeitura de Marabá

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3 nov

Maior parte dos contratos foi firmada por adesão a atas de registro de preços, beneficiando empresas de outros estados e deixando empresários marabaenses com contratos menores.

Nos primeiros nove meses de 2025, a Prefeitura de Marabá movimentou mais de R$ 112,5 milhões em contratos, mas a maior parte desse valor — R$ 96,5 milhões — ficou nas mãos de empresas de fora da cidade e até do Estado. Enquanto isso, as empresas locais receberam apenas R$ 16 milhões, em contratos de menor porte e visibilidade.

Todos esses acordos foram firmados sem licitação, por meio de um instrumento amplamente questionado: a adesão a atas de registro de preços. Esse mecanismo permite que um órgão público que não participou da licitação original contrate bens ou serviços com os mesmos preços e condições, o que, na prática, abre espaço para contratações milionárias sem concorrência direta e com pouca transparência.

O cenário revela uma preferência evidente por fornecedores de fora, contrariando o discurso de incentivo à economia local. Empresários marabaenses têm se queixado de que a gestão atual reserva apenas os contratos de menor valor para as empresas sediadas na cidade.

Entre as contratações mais vultosas, destaca-se o Consórcio TS Luz Cidade do Sol, com sede em Natal (RN), que abocanhou até agora R$ 82,7 milhões para implantar o novo sistema de iluminação pública em LED — o contrato mais robusto de 2025. O valor representa, sozinho, 73% de tudo o que foi contratado sem licitação neste ano.

Outra empresa de fora, a ALS Comercial e Distribuidora, de São Paulo (SP), firmou contrato de R$ 2,6 milhões para fornecimento de materiais gráficos e publicações. Já a Brink Mobil Equipamentos, de Serra (ES) — especializada em recursos educacionais —, aparece com outro contrato de R$ 2,6 milhões e divulga em seu próprio site que trabalha prioritariamente por meio de atas de registro de preço.

Há ainda contratações de empresas como a F. Cardoso e Cia Ltda, de Ananindeua (PA), no valor de R$ 2,4 milhões, a Prestige Blindagem, de Fortaleza (CE), com R$ 474 mil, e até a Glock América S.A., de Montevidéu (Uruguai), com R$ 35 mil.

Ao todo, 12 empresas de fora de Marabá participaram dessas adesões — apenas uma delas paraense. O restante é formado por grupos de São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio de Janeiro e até do exterior.

A concentração de contratos em companhias de fora reforça o sentimento de indignação entre empresários locais e levanta questionamentos sobre a real prioridade da atual gestão. Em vez de estimular a economia de Marabá e gerar empregos locais, o volume de recursos públicos tem escoado para outros estados, configurando, segundo críticos, uma verdadeira farra com o dinheiro público.

A Prefeitura de Marabá ainda não se manifestou sobre os critérios adotados para as contratações por adesão a atas de registro de preços.

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