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Marabá sedia pela terceira vez Fórum Agrário de Sociobiodiversidade promovido pelo MPPA

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22 maio

Pelo terceiro ano consecutivo, Marabá será palco do Fórum Agrário de Sociobiodiversidade, promovido pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). O evento acontece nesta sexta-feira (23), a partir das 8h30, no Centro de Convenções Carajás, na Folha 31, bairro Nova Marabá, reunindo agricultores de 23 municípios da 3ª Região Agrária.

A promotora de Justiça Agrária, Alexssandra Muniz Mardegan, explica que o fórum é mais do que um espaço de escuta: trata-se de um ambiente de partilha de saberes e construção coletiva entre produtores, pesquisadores e instituições públicas. “É um momento importante para o diálogo, discussões, produções e partilha de conhecimentos”, afirmou em entrevista ao Correio de Carajás.

A programação da manhã inclui cinco palestras com professores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Instituto Federal do Pará (IFPA) e da Embrapa. Os temas vão desde os impactos das mudanças climáticas na agropecuária amazônica até soluções sustentáveis de manejo e uso de tecnologias no campo. À tarde, está prevista uma escuta social com os trabalhadores rurais, além de uma feira de produtos da agricultura familiar, com destaque para o artesanato indígena.

Alexssandra destaca que uma das propostas do fórum é aproximar a academia dos agricultores, ampliando o acesso à pesquisa científica e à tecnologia no campo. “Temos a preocupação de, cada vez mais, trazer tecnologia para o campo, para que nossos produtores possam aumentar a produção, garantindo maior qualidade”, afirmou.

Valorização e protagonismo no campo

A promotora avalia que as edições anteriores do fórum demonstraram o impacto positivo do evento na autoestima dos trabalhadores. “Parece algo simples, mas ouvir frases como ‘nunca fomos tão privilegiados e protagonistas em um evento’ não tem preço e aquece nossos corações”, compartilhou. Esse sentimento de valorização, segundo ela, tem se traduzido em maior participação, dedicação e interesse por parte dos agricultores durante as atividades.

Presença no campo e enfrentamento dos conflitos

Além de fomentar conhecimento e políticas públicas, o Fórum também dialoga com temas históricos e sensíveis da região, como os conflitos agrários. Marabá está situada em uma das áreas mais marcadas pela violência no campo, com episódios emblemáticos como o massacre de Eldorado dos Carajás e os assassinatos de lideranças como Dorothy Stang e o casal Zé Cláudio e Maria.

Nesse contexto, a atuação da Promotoria Agrária tem buscado um novo enfoque. “Desde que eu assumi, resolvi mudar a nossa atuação. O MPPA é um fomentador de políticas públicas e, para fazer isso da melhor maneira e de forma efetiva, é preciso sair do gabinete. É preciso ir ao campo, olhar para o produtor e ouvi-lo”, pontuou Alexssandra.

Segundo ela, essa proximidade tem dado frutos. A promotoria tem sido chamada por órgãos como Dnit e Ibama para intermediar questões sensíveis envolvendo comunidades, como os impactos da derrocagem do Pedral do Lourenção. O trabalho também é feito em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), visando assegurar que a população diretamente afetada seja ouvida e considerada nas tomadas de decisão.

“O trabalho que realizamos não tem preço. Infelizmente, não podemos fazer tudo de uma vez, mas, à medida que nossas ações vão aparecendo, muitos parceiros surgem, motivados pelos resultados que, de fato, chegam na ponta”, concluiu a promotora. Para ela, o diferencial da atuação do MPPA em Marabá está em levar políticas públicas reais para quem vive da terra.

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