O Ministério Público Eleitoral (MPE) abriu investigação sobre possível fraude na cota de gênero e candidaturas fictícias na chapa do PSB para vereadores nas eleições municipais de Marabá, realizadas no último domingo (6). Dos 324 candidatos que disputaram as cadeiras da Câmara Municipal, 59 receberam menos de 50 votos, sendo 34 mulheres e 25 homens. Este dado, que representa cerca de 18% do total de concorrentes, chamou a atenção para uma possível desproporção nas candidaturas femininas, especialmente em relação à exigência legal de 30% de mulheres por partido.
Entre as candidatas que obtiveram menos de 50 votos, o partido Avante registrou o maior número de ocorrências, com cinco mulheres (14,7%), seguido por PSD e PSB, ambos com quatro candidatas cada (11,8%). Republicanos, PP e Solidariedade também figuram entre os partidos com candidatas nessa faixa de votação. Ao todo, as mulheres representaram 57,6% dos candidatos com baixo desempenho eleitoral, sugerindo que muitas delas podem ter sido inscritas apenas para cumprir a cota de gênero, sem uma campanha efetiva.
Um caso que se destaca é o de Gilmara Rabello, do PSB, que não obteve nenhum voto, o que é considerado raro em eleições. A ausência total de votos aumentou as suspeitas de fraude na composição das chapas. Segundo fontes que pediram para permanecer anônimas, Gilmara teria, na verdade, apoiado um candidato a vereador do MDB em Marabá, servindo apenas como “escada” para favorecer a eleição de homens, como o ex-vereador Orlando Elias, do PSB.
Além disso, Gilmara, que está entre as candidatas investigadas pelo MPE, chegou a negar em redes sociais que estivesse concorrendo ao cargo. A suspeita é de que sua candidatura, assim como de outras mulheres, tenha sido fictícia, prática conhecida como “candidatura laranja”.
Se confirmadas as irregularidades pelo MPE, a chapa do PSB poderá ter os votos anulados, o que pode beneficiar diretamente outros candidatos. Um dos possíveis favorecidos é Marcos Paulo da Agricultura, do PDT, que teve quase o dobro de votos de Orlando Elias, mas não foi eleito. Caso a chapa do PSB seja invalidada, Marcos Paulo pode assumir uma vaga, enquanto o vereador Miguelito, também do PDT, pode subir para a primeira suplência.
Candidaturas laranjas e fraudes em cotas de gênero têm sido uma preocupação crescente nas eleições brasileiras. Caso o MPE comprove as irregularidades em Marabá, os partidos envolvidos poderão sofrer sanções severas, incluindo a perda de vagas conquistadas na Câmara Municipal.
Com informações de Correio de Carajás.