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Partido de Vinícius Soares pode rifar pré-candidatura de repórter para apoiar Toni Cunha

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5 abr

Desde a véspera do aniversário de 111 anos de Marabá, sudeste do Pará, um dos assuntos mais comentados em toda a cidade é a pré-candidatura a prefeito do jovem repórter Vinícius Soares, que declarou abertamente em suas redes sociais ter intenção em disputar a chefia do Poder Executivo Municipal nas Eleições deste ano. O anúncio, acompanhado de um jingle musical de pré-campanha, foi o suficiente para que recebesse centenas de demonstrações de apoio e para que seu nome fosse citado em páginas da internet e programas de TV e rádio com amplo alcance no município.

Entretanto, mesmo com toda a cobertura da Imprensa e o clamor no meio político local, o Podemos (20), partido ao qual Vinícius Soares está atualmente filiado, ainda não tomou uma decisão definitiva sobre sua pré-candidatura. Em vez disso, em meio à expectativa gerada pelo jornalista e até mesmo pela filiação de apoiadores de Vinícius para concorrer ao cargo de vereador, o partido convocou uma reunião extraordinária. Esta será realizada na manhã desta sexta-feira (5/4), a partir das 10 horas, no gabinete do pré-candidato Toni Cunha, no edifício Amazon Center (Nova Marabá) para debater o assunto.

Ao que tudo indica, pelo teor dos rumores a que este Portal teve acesso, a reunião da cúpula do Podemos em Marabá com o pré-candidato bolsonarista Toni Cunha (PL) poderá rifar a pré-candidatura de Vinícius Soares, que na visão dos líderes partidários ainda é muito jovem para a disputa majoritária. No entanto, é essa mesma juventude que faz de Vinícius um nome fortíssimo para grande parcela do eleitorado, ávida por mudanças e renovação política.

Vinícius, no auge de seus 22 anos de idade, preenche o requisito de idade para ser candidato a prefeito, conforme previsão legal do artigo 14, parágrafo 3º, inciso VI, alínea “c”, da Constituição de 1988. Além disso, também atende aos demais requisitos, como nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição e a filiação partidária, relacionados no artigo 14, parágrafo 3º, incisos I a V, CF88.

De acordo com o calendário eleitoral de 2024, somente a partir de 20 de julho que os partidos e as federações poderão realizar convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. O prazo para realização das convenções partidárias se estenderá até 5 de agosto. Isto é, nenhuma eventual decisão tomada na reunião de hoje terá respaldo legal, apesar de sinalizar o que poderá ser decidido futuramente, mas ainda restam quatro meses para que Vinícius Soares demonstre ao Podemos que tem viabilidade para disputar o cargo de prefeito de Marabá. O prezo para filiação partidária, para quem deseja concorrer em 2024, se encerra neste sábado (6/4), faltando exatamente seis meses para o dia da eleição.

Enquanto isso, se o Podemos basear sua decisão unicamente em pesquisas eleitorais que apontam Toni Cunha como o segundo colocado no município, corre o risco de ignorar o potencial de Vinícius Soares junto ao público descontente e indeciso, que representa uma fatia significativa do eleitorado (entenda até o fim desta matéria a inexpressividade política de Toni Cunha em Marabá). Essas pesquisas, muitas vezes manipuladas para favorecer certos grupos políticos, podem não refletir a realidade da opinião pública como um todo.

Adicionalmente, caso decida caminhar com o extremista Toni Cunha, o partido poderá acabar prejudicando sua chapa de vereadores e não atingindo o quociente eleitoral para fazer sequer uma cadeira na CMM, haja vista a baixíssima exposição midiática e escassos recursos financeiros que seus candidatos terão durante a campanha em detrimento do PL. Vinícius, por outro lado, poderá ser um nome forte na arrecadação de fundos para a chapa proporcional e terá ainda, como candidato a prefeito, a plataforma para atrair a atenção do eleitorado para o projeto político coletivo que o Podemos pretende construir em Marabá.

TRAIÇÕES MARCAM VIDA POLÍTICA DE TONI CUNHA

O nome de Vinícius Soares anda sendo bastante comentado nos bastidores do poder em Marabá nos últimos dias, diante das referências que vêm sendo feitas ao repórter por formadores de opinião e cidadãos comuns pela cidade. Ele chegou a se reunir com a também pré-candidata a prefeita Irismar Melo (PP) – segundo uma postagem no seu perfil do Instagram – e tem sido aconselhado por vereadores em mandato a seguir adiante com o projeto político, conforme apurou o Blog. Até mesmo o deputado estadual Chamonzinho (MDB), pré-candidato a prefeito que lidera a preferência do eleitorado, estaria tentando marcar uma conversa com o jovem repórter que já foi seu funcionário.

Passemos, então, à análise da expressividade (ou inexpressividade) política de Toni Cunha em Marabá. Delegado licenciado da Polícia Federal, Antônio Carlos Cunha Sá, vulgo Toni Cunha, iniciou sua trajetória política em 2016, filiado ao partido Rede Sustentabilidade (criado pela hoje ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, Marina Silva), com a proposta de representar uma “nova política”. Cunha se apresentava como pré-candidato a prefeito até que resolveu se vender à tão condenável “velha política” e aceitou ser candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Tião Miranda, pelo então PTB, causando descontentamento entre os membros da Rede em Marabá, que sentiram-se traídos pelo delegado da PF.

Sabemos, Tião e Toni foram eleitos em 2016. O prefeito eleito Tião Miranda chegou a apresentar uma carta de renúncia ao presidente da Câmara Municipal de Marabá (CMM), no dia 29 de dezembro de 2016, mas acabou comparecendo à solenidade de posse no plenário do Poder Legislativo, desistindo de renunciar e assumindo a função para a qual foi eleito. Na renúncia, Tião alegou questões de saúde, esgotamento físico e mental e o cenário “calamitoso” em que se encontrava a cidade após a gestão João Salame/Luiz Carlos Pies. Toni Cunha já se preparava para assumir a Prefeitura, mas os planos acabaram frustrados por Tião, nascendo a partir de ali uma mágoa que veio à tona assim que Toni foi eleito deputado estadual, com o apoio de Tião.

Imediatamente ao assumir o primeiro mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Toni Cunha começou a dirigir críticas, questionamentos e ataques ao prefeito Tião Miranda, que chegou a chamá-lo de “neófito” na política em um ofício a respeito do processo de instalação do tomógrafo destinado, via emenda parlamentar, pelo deputado ao Hospital Municipal de Marabá (HMM). Toni Cunha, além disso, também foi um grande apoiador do governador Helder Barbalho (MDB) na Alepa, tendo inclusive à sua disposição um cabide de empregos no Governo Estadual para oferecer aos seus amigos e correligionários, como a Estação Cidadania e a então 4ª URE em Marabá.

Honrando a tradição, Toni Cunha rompeu com Tião Miranda e Helder Barbalho e passou a dispor de artilharia pesada nas redes sociais contra os seus, a partir dali, adversários. Como resultado dessa combinação de traições, Toni Cunha  atingiu em 2020, dois anos após ser eleito deputado estadual, minguados 8.817 votos (6,79%) para prefeito de Marabá, encerrando a apuração no terceiro lugar, ficando 8 mil votos atrás de Doutor Veloso, o segundo colocado com 16.500 votos (12,70%), e mais de 87 mil votos atrás do prefeito reeleito Tião Miranda, com 96.193 votos (74,07%).

Dois anos depois desse vexame eleitoral, em 2022, como candidato à reeleição de deputado estadual, Toni Cunha alcançou somente 9.157 votos em Marabá. Ficou atrás de nomes como Thiago Miranda (filho do prefeito Tião Miranda), Chamonzinho e o vereador Fernando Henrique, que ficou mais de 5 mil votos à frente de Toni Cunha na cidade. Uma votação exígua que pode se repetir em 2024, pois o mesmo Toni Cunha radical que foi para as ruas em 2022 será o mesmo que voltará em 2024, até com mais excessos que afastam o eleitor comum. Além disso, quem garante que Toni Cunha não fará com o Podemos o mesmo que já fez com seus aliados políticos num passado recente?

VINÍCIUS REPRESENTA MUDANÇA E TEM SIMPATIA DO ELEITORADO

O fato indiscutível é que Toni Cunha atrai a antipatia da esmagadora maioria do eleitorado de Marabá, que não confia em sua liderança em razão de sua bipolaridade e seu oportunismo, pois ganhou uma vida política graças ao prefeito Tião Miranda e o apunhalou pelas costas tentando progredir na vida política, mas acabou sendo relegado ao extremismo, em quem se abraçou para se salvar (por muito pouco) politicamente.

Vinícius Soares, no oposto ao que Toni Cunha representa, se mostra como um jovem idealista, preparado e capaz para assumir a missão de representar o Podemos como candidato a prefeito de Marabá. O fato de nunca ter sido testado nas urnas e de não ser político “de carteirinha” o impulsiona a conquistar a simpatia de ampla parcela do eleitorado, o que resta comprovado pela atenção atraída para seu nome nos quatro cantos da cidade. Resta apenas saber se o seu partido quer realmente ser uma força competitiva nestas eleições ou atrelar seu projeto político coletivo a uma nota de rodapé.

whats