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Prefeitura de Marabá vai pagar R$ 12,8 milhões em shows na praia, enquanto falta dipirona, luvas e até sabão nos hospitais

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20 jun

Enquanto a Prefeitura de Marabá destina R$ 12,8 milhões para custear shows de artistas nacionais na Praia do Tucunaré durante o veraneio de julho, servidores da saúde denunciam o colapso interno no Hospital Municipal. A estrutura da festa, que inclui R$ 10 milhões só para montagem de palco, som e iluminação, contrasta com a precariedade da rede pública hospitalar, onde falta até dipirona, luvas cirúrgicas e alimentação adequada para pacientes

Apenas os cachês somados das cinco principais atrações já contratadas via Diário Oficial, chegam a R$ 2,8 milhões.

Mari Fernandez – R$ 550.000,00

Léo Foguete – R$ 400.000,00

Eduardo Costa – R$ 550.000,00

Claudia Leitte – R$ 650.000,00

Bell Marques – R$ 650.000,00

A contratação ocorre por inexigibilidade de licitação com base na nova Lei 14.133/2021 e está sendo executada pela Fundação Casa da Cultura de Marabá, que tem como missão institucional a preservação do patrimônio histórico, e não a realização de megaeventos.

A escolha da fundação como intermediária já vinha sendo criticada por especialistas e servidores municipais, inclusive por possíveis irregularidades na finalidade do uso da entidade. Agora, somam-se novas denúncias de dentro do Hospital Municipal de Marabá, que reforçam o cenário de inversão completa das prioridades da gestão Toni Cunha Sá (PL).

Em mensagem enviada ao Instagram do Blog Marabá & Fatos, uma funcionária do HMM fez um desabafo contundente, solicitando sigilo da fonte, conforme previsto em lei:

“Colegas do HMM foram lá nesse almoxarifado e lá é super desorganizado, sujeira e rato pra todo lado junto com alimentação. Os funcionários de lá estão todos pedindo transferência, ninguém suporta ela… Se não puxar saco, não vai pra frente nessa gestão. Está faltando coisas básicas no hospital: até dipirona tá em falta. Azitromicina suspensão não tem, luva para cirurgias não tem, nutrição parenteral pra paciente não tem.”

A denúncia expõe a gravidade da situação interna em uma das principais unidades de saúde da cidade. Além da ausência de insumos básicos e medicamentos, há relatos de pressão política, desorganização e até insalubridade, como presença de roedores no almoxarifado onde também é armazenada parte da alimentação de pacientes.

Os relatos coincidem com o que já vinha sendo documentado em outras reportagens, incluindo a internação de pacientes em cadeiras, falta de médicos experientes e servidores sendo alimentados com comida de baixa qualidade após redução do serviço do refeitório interno.

Em abril, durante o aniversário de Marabá, o Ministério Público já havia monitorado os gastos elevados com show do cantor Nattan, o que torna ainda mais sensível a nova programação de julho, que será ainda mais cara. A expectativa é de que os órgãos de controle, como MPPA e Tribunal de Contas dos Municípios, acompanhem os desdobramentos.

Enquanto os holofotes se voltam à praia, o caos nos bastidores da saúde pública se aprofunda — e com ele, a indignação da população marabaense, que sofre com uma gestão que parece mais preocupada em aplaudir artistas de fora, do que atender com dignidade os pacientes.

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