Enquanto pacientes seguem sendo atendidos no chão por falta de leitos e macas no Hospital Municipal de Marabá, a Prefeitura abriu uma nova licitação — desta vez, para reformar e decorar o gabinete do prefeito Toni Cunha. O aviso oficial foi publicado no último dia 30 de maio pela Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), e estabelece a contratação de uma empresa de engenharia para executar a reforma do espaço localizado no Paço Municipal, na Nova Marabá.

De acordo com o edital, o processo licitatório será realizado no próximo dia 17 de junho, às 9h, sob a modalidade de concorrência eletrônica, do tipo “menor preço global”. Apesar de o valor estimado ainda não ter sido divulgado, o próprio tipo de certame indica que se trata de um gasto significativo.

O anúncio gerou nova onda de críticas à gestão municipal, especialmente por ocorrer em meio à grave crise da saúde pública, com superlotação e estrutura precária no principal hospital da cidade. Vídeos de pacientes deitados no chão, por ausência de macas e condições mínimas de atendimento, têm circulado nas redes sociais e gerado revolta entre os moradores.

A insatisfação com as prioridades do governo municipal não é nova. Em março, veio à tona a informação de que o prefeito solicitou a aquisição de uma caminhonete SUV blindada para uso exclusivo do chefe do executivo municipal, medida que também gerou forte repercussão negativa, diante das carências da população em áreas essenciais como saúde, transporte e funcionalismo público.

Para servidores da área da saúde, a licitação para reformar o gabinete é mais uma demonstração de distanciamento da realidade. “A gente vê a população sofrendo na porta do hospital e, ao mesmo tempo, a prefeitura preocupada com conforto e decoração do gabinete do prefeito. Isso é indignante”, afirmou uma técnica de enfermagem que pediu anonimato.

A gestão Toni Cunha, que assumiu em janeiro prometendo “modernização” e “eficiência”, vem acumulando polêmicas. Agora, mais uma vez, a população se pergunta: a prioridade é realmente quem mais precisa?