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R$ 550 milhões em 4 meses: Marabá supera Parauapebas em arrecadação de impostos, mas população segue sem ambulância

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27 maio

Marabá alcançou, em abril de 2025, um feito histórico: ultrapassou Parauapebas em arrecadação mensal de impostos pela primeira vez em mais de 30 anos. Os dados revelados pelo Blog do Zé Dudu mostram que o município arrecadou R$ 163,61 milhões, contra R$ 158,73 milhões da vizinha, encerrando uma hegemonia que vinha desde 1993.

O crescimento de Marabá tem sido puxado especialmente pelos royalties da mineração de cobre. De janeiro a abril, o município somou R$ 550 milhões em receitas líquidas, um salto de 15% em relação ao mesmo período de 2024. Já Parauapebas, dependente do minério de ferro, perdeu fôlego: sua arrecadação caiu 10,6%, recuando de R$ 854 milhões para R$ 763 milhões. Canaã dos Carajás também viu queda, mas mais leve — 2,4%.

Essa virada fiscal marca uma mudança significativa na dinâmica econômica do sudeste paraense. E a tendência deve continuar: apenas em maio, Marabá recebeu R$ 19,31 milhões em royalties da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), enquanto Parauapebas vê a Vale deslocar parte de suas operações para Canaã.

Mas a bonança de arrecadação ainda não tem reflexo direto na vida dos marabaenses. Um episódio recente chocou a população: uma mulher precisou ser transportada na carroceria de uma caminhonete no KM 7 por falta de ambulância adequada. O vídeo viralizou nas redes sociais e escancarou a contradição entre a alta arrecadação e a precariedade dos serviços públicos, especialmente na saúde.

Enquanto a Prefeitura acumula cifras recordes, faltam medidas concretas que traduzam esse avanço fiscal em dignidade e qualidade de vida. A aquisição de ambulâncias, por exemplo, ainda é um gargalo — mesmo com meio bilhão de reais entrando nos cofres em apenas quatro meses.

O salto econômico não pode se limitar a estatísticas em relatórios ou manchetes de desempenho. Para a maioria da população, ele só fará sentido quando significar acesso a serviços essenciais, como saúde, transporte e infraestrutura básica. Caso contrário, Marabá corre o risco de repetir o mesmo erro de outras cidades mineradoras: enriquecer por fora e continuar pobre por dentro.

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