Ocorreu no Condomínio Itacaiunas, durante a manhã desta segunda-feira (17), a reconstituição do caso Flávia Alves, tatuadora assassinada em 15 de abril deste ano, em Marabá, no sudeste do Pará. O local é onde o suspeito do feminicídio, Willian Araújo Sousa, conhecido como “Will Sousa”, chegou com o carro na manhã do crime, possivelmente com a vítima já morta dentro do veículo. No mesmo local, Deidyelle teria tomado conhecimento do crime, posteriormente ajudando o companheiro a se livrar do cadáver.
Para esclarecer esses fatos e chegar a uma compreensão mais precisa do ocorrido, foi feita uma simulação do crime no local, utilizando o mesmo veículo do suspeito, um T-Cross branco. A reprodução simulada foi realizada conjuntamente por equipes da Polícia Científica do Pará de Belém e Marabá.
No início dos trabalhos, houve tumulto no local quando os advogados de Deidyelle, José Rodrigues e Israel Ribeiro, notaram a presença do repórter Vinícius Soares, que se destacou na cobertura do caso. Os advogados ameaçaram interromper a simulação caso o jornalista acompanhasse o ato. Outras equipes de imprensa estavam presentes, mas os advogados manifestaram contrariedade com a presença do jornalista.
Repórter Vinícius Soares (esq.) e advogado José Rodrigues (dir.) protagonizaram acirramento de ânimos durante os trabalhos periciais nesta segunda-feira (17)
O delegado Walter Ruiz Bogaz Neto, que preside o inquérito do caso, afirmou que o objetivo da simulação era esclarecer pontos obscuros na investigação e chegar mais próximo da verdade. Ele relatou que o crime é tratado como feminicídio, pois Flávia teria sido morta em razão de sua condição de mulher, e que o investigado pelo crime, Will Sousa, não quis participar da reconstituição.
O perito criminal Jadir Ataíde dos Santos, coordenador de perícias genéricas da Polícia Científica do Pará, informou que outras perícias serão realizadas ainda nesta segunda-feira nos locais por onde os suspeitos passaram e no local onde Flávia foi enterrada em uma cova rasa, na zona rural de Jacundá.
O advogado de Deidyelle, Israel Ribeiro, após questionar a gravação, concedeu entrevista coletiva afirmando que espera que a simulação esclareça o papel de sua cliente no crime. Ele negou que Deidyelle seja a pessoa retratada nas redes sociais. Questionado sobre o crime de ocultação de cadáver pelo repórter Vinícius Soares, Israel afirmou que a questão não era relevante.
O assistente de acusação, Diego Souza, que representa a família de Flávia Alves, também acompanhou a reprodução simulada do crime e declarou que a família está apreensiva com os desdobramentos do caso e permanece em luto pela perda da tatuadora.
A discussão entre o repórter Vinícius Soares e o advogado José Rodrigues foi parar na Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Marabá, que por sua vez entendeu que não houve violação de prerrogativas da advocacia no imbróglio antes do início da reprodução simulada.