Após mais uma morte de um bebê no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá, uma comissão de vereadores visitou a unidade na última quinta-feira (16) para averiguar as causas das recentes tragédias e cobrar soluções da administração municipal e da Organização Social Madre Tereza, responsável pela gestão do hospital. Desde o início do ano, três óbitos relacionados à maternidade foram registrados em apenas 15 dias, incluindo o de uma mãe e dois recém-nascidos.

Estiveram presentes na visita os vereadores Ilker Moraes, Cristina Mutran, Dean Guimarães, Orlando Elias, Marcelo Alves, Jocenilson Silva, Priscila Veloso, Miterran Feitosa, Maiana Stringari e Vanda Américo, além de Monalisa Miranda, representando o Conselho Municipal de Saúde. O grupo foi recebido pelo diretor do HMI, Fábio Farias, que reconheceu as dificuldades enfrentadas pela unidade.
Cobranças e críticas dos vereadores
O presidente da Câmara, Ilker Moraes, destacou a falta de profissionais especializados como um dos principais problemas do hospital. “Queremos entender o que está acontecendo. Não podemos continuar assistindo mortes enquanto a população sofre com um serviço público deficiente. Precisamos de mudanças imediatas”, afirmou.
Os vereadores expressaram indignação com relatos de que gestantes em estágio avançado de gravidez têm sido enviadas para casa sem diagnósticos precisos. Marcelo Alves destacou a necessidade urgente de especialistas para evitar erros graves. “É inadmissível que em uma cidade como Marabá, com tantos recursos, as mães precisem procurar atendimento em outras localidades por falta de estrutura adequada aqui”, lamentou Orlando Elias.
A vereadora Cristina Mutran, médica de formação, criticou o uso de clínicos gerais na linha de frente de um hospital que deveria ser referência em especialidades obstétricas. “Precisamos superar essa prática. Sem especialistas, não há diagnóstico preciso e, consequentemente, não há segurança para as gestantes”, ressaltou.
Outros vereadores, como Priscila Veloso e Miterran Feitosa, cobraram fiscalização mais rigorosa da OS Madre Tereza e sugeriram que o contrato seja revisado ou até mesmo rompido, caso a empresa continue descumprindo as obrigações estabelecidas.
Respostas do HMI
O diretor do hospital, Fábio Farias, reconheceu as falhas no atendimento e destacou a necessidade de mudanças estruturais e administrativas. Ele afirmou que o contrato com a OS precisa garantir a presença de especialistas, mas admitiu que, atualmente, a maternidade não dispõe de profissionais suficientes para atender casos de maior complexidade.
Em relação ao óbito de um bebê no dia 15, Farias explicou que a mãe foi atendida por dois dias seguidos antes da internação, mas, ao retornar, já apresentava complicações decorrentes de um descolamento de placenta. “Infelizmente, o atendimento não foi suficiente para evitar a tragédia. Precisamos melhorar a estrutura, o atendimento e a capacitação dos profissionais”, afirmou.
Encaminhamentos
Como resultado da visita, os vereadores solicitaram uma reunião entre a Prefeitura, a OS Madre Tereza e a Câmara Municipal para discutir soluções imediatas. Além disso, foi reforçada a necessidade de humanização no atendimento, investimento em equipamentos e contratação de ginecologistas e obstetras para suprir as demandas do hospital.
Enquanto a gestão promete ações concretas, a pressão popular aumenta, e o HMI continua sendo alvo de críticas e desconfiança. A população de Marabá aguarda por respostas rápidas e efetivas, já que, para muitas famílias, a demora tem custado vidas.