Sob a liderança do senador Beto Faro, o Partido dos Trabalhadores (PT) no Pará vive um processo de enfraquecimento e perda de identidade. O partido, que um dia foi um símbolo de resistência política e mobilização popular, agora parece subordinado aos interesses pessoais do próprio senador e de seus aliados, como o governador Helder Barbalho (MDB). A relação de subordinação entre Beto Faro e o governador é amplamente reconhecida, e sua trajetória política tem sido marcada por uma série de manobras que visam consolidar o poder da família Faro na política estadual.
A Ascensão de Beto Faro e a Centralização de Poder no PT
A trajetória de Beto Faro ao Senado não pode ser dissociada do apoio estratégico de Helder Barbalho. Com esse apoio, Faro conseguiu se eleger, mas a estratégia não parou por aí. Para fortalecer seu domínio dentro do PT, Faro lançou sua esposa, Dilvanda Faro, como candidata à deputada federal, criando uma verdadeira “dinastia” política na qual o comando do partido no estado ficaria sob controle familiar. A manobra interna que resultou na derrota do senador Paulo Rocha e na sua eleição à presidência estadual do PT foi um movimento claro para consolidar esse poder.
Ao garantir o controle do PT, Beto Faro fez o que muitos consideram uma troca estratégica: em troca do apoio à reeleição de Helder Barbalho, o partido obteve a máquina estadual, e o senador conquistou o tão desejado cargo no Senado. Esse jogo político, que garantiu a vitória de Beto Faro e sua esposa, acabou por transformar o PT no Pará em uma plataforma para os projetos pessoais da família, mais do que em um partido dedicado à promoção de ideais e causas sociais.
O Desempenho Eleitoral de 2024 e a Perda de Relevância
As eleições municipais de 2024 representaram um golpe duro para o PT no Pará. O partido teve um desempenho abaixo das expectativas, elegendo apenas dois prefeitos em cidades de pequeno porte, como Aurinho Gomes, em Primavera, e Pina, em Igarapé-Miri, que juntas somam menos de 80 mil habitantes. Esse desempenho reflete a perda de influência do PT no estado, mesmo com a presidência da República ocupada pelo partido, e demonstra que a sigla, sob o comando de Beto Faro, tem se distanciado das bases populares que historicamente sustentaram sua força.
Enquanto o partido encolhe, Beto Faro e sua família parecem estar mais preocupados com a perpetuação de seu poder político, como evidenciado pela eleição de seu filho, Yuri Faro, para vice-prefeito de Acará. Esses movimentos familiares em detrimento da coletividade partidária geraram um clima de insatisfação dentro da legenda, o que aponta para uma crise estrutural no PT no Pará.
A Aliança com Helder Barbalho e o Futuro do PT
A relação de Beto Faro com o MDB de Helder Barbalho também se refletiu nas eleições municipais de Belém, quando o senador optou por apoiar o candidato Igor Normando, contrariando a linha tradicional do PT, que tinha Edmilson Rodrigues como seu candidato. Essa aliança com o MDB reforça a ideia de que Beto Faro usa o PT como uma extensão de sua própria estratégia política, ao invés de fortalecer a independência e os princípios do partido.
O cenário atual é claro: ou o PT no Pará se liberta do controle de Beto Faro e busca uma renovação que recupere sua identidade e força política, ou corre o risco de se tornar irrelevante na política estadual, reduzido a uma legenda sem expressão e sem capacidade de atrair as novas gerações de militantes.
Fonte: Blog do Branco