A Vale está ampliando a produção de cobre na mina do Salobo, localizada nos limites territoriais do município de Marabá, para atender ao aumento da demanda mundial por esse metal, usado em painéis solares, carros elétricos e sistemas de energia. A Agência Internacional de Energia estima que o consumo global de cobre cresça quase 40% até 2040, impulsionado pela transição para fontes limpas.
O cobre tem valor muito superior ao do minério de ferro. Enquanto uma tonelada de ferro custa cerca de 100 dólares, a de cobre chega a 10 mil. Essa diferença explica os resultados expressivos da empresa: em 2024, a Vale Metais Básicos teve faturamento de R$ 15,9 bilhões e lucro líquido de R$ 4,7 bilhões.

A mina do Salobo é a maior produtora de cobre do Brasil e uma das principais operações da Vale. A empresa planeja produzir 280 mil toneladas em 2025 e dobrar essa quantidade até 2035. O concentrado extraído em Marabá segue pela Estrada de Ferro Carajás até o Porto de Ponta da Madeira, no Maranhão, de onde é exportado para países como a China, que fazem o refino do mineral.

Apesar dos números bilionários, as contrapartidas sociais e ambientais em Marabá ainda estão longe do necessário. Comunidades que vivem às margens da ferrovia — como São Félix, Araguaia, Coca-Cola e KM 7 — convivem com poeira, trepidações e a falta de água e infraestrutura básica. No Novo São Félix, por exemplo, as ruas de terra correm lado a lado com os trilhos, e a duplicação da nova ponte rodoferroviária continua sem asfalto, mostrando o contraste entre a riqueza que passa de trem e a precariedade que fica.
O Brasil, mesmo sendo grande produtor, ainda não possui estrutura para refinar o cobre que extrai. O mineral sai bruto do país, sem gerar empregos e valor agregado localmente. Especialistas lembram o exemplo da Indonésia, que só permitiu a exportação após a instalação de refinarias internas, atraindo investimentos e fortalecendo sua indústria.
Enquanto a Vale aposta em novas tecnologias para reaproveitar rejeitos e reduzir perdas, comunidades marabaenses seguem esperando por compensações reais. A expansão da mina do Salobo reforça a importância do cobre para o mundo, mas também expõe uma velha realidade: o lucro bilionário vai embora nos trilhos, e os impactos ficam onde tudo começa.
