Quando “há um sol para cada pessoa”, como brincam muitos paraenses, o cuidado com a pele deixa de ser escolha e se torna necessidade. No Pará, a campanha nacional de prevenção ao câncer de pele ganha novos contornos diante dos números divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa): entre janeiro e agosto de 2025, foram registrados 299 casos da doença, com 71 óbitos até julho. Embora não haja detalhamento por município, cidades como Marabá — marcada pelo clima quente, alta exposição solar e intensa rotina de atividades ao ar livre — estão entre as mais vulneráveis.
O câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, representando cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos. Em municípios do interior paraense, o alerta é ainda mais urgente entre trabalhadores rurais, ribeirinhos e profissionais que passam grande parte do dia sob o sol. É nesse contexto que o Dezembro Laranja busca ampliar a conscientização, incentivar o uso de protetor solar e promover ações educativas e atendimentos gratuitos.
Instituições de ensino e saúde têm papel fundamental nesse esforço. Em Marabá, a Afya desempenha um papel estratégico por meio de seu ambulatório-escola, projetos de extensão e ações comunitárias. A proposta é simples, mas essencial: aproximar a população de informações acessíveis e estimular o cuidado contínuo com a pele.
Para a dermatologista Hannah Gripp, professora da Afya Marabá e atuante no ambulatório-escola, a campanha é uma oportunidade de reforçar hábitos que podem salvar vidas.
“Essa campanha ajuda a lembrar as pessoas para olhar mais para a própria pele, identificar sinais suspeitos e adotar o hábito de usar protetor solar o ano inteiro, não só no verão”, afirma.
Ela destaca a regra do ABCDE, método prático para identificar sinais suspeitos em pintas ou lesões:
A – Assimetria;
B – Bordas irregulares;
C – Cor variável;
D – Diâmetro maior que 6 mm;
E – Evolução (mudanças no aspecto).
Segundo a médica, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de um tratamento eficaz. “Fazer o autoexame da pele e consultar um dermatologista são atitudes simples que podem fazer uma grande diferença no futuro”, reforça.
Além do protetor solar, Hannah recomenda outras medidas preventivas: uso de chapéus, óculos escuros, roupas com proteção UV, evitar o sol entre 10h e 16h e buscar sombra sempre que possível. Ela também alerta para o impacto das luzes artificiais: “Luzes artificiais também podem contribuir para o envelhecimento da pele, então é bom evitar”, explica.
Mesmo em dias nublados, a exposição existe. A luminosidade atravessa as nuvens e pode causar danos cumulativos — por isso, o cuidado deve ser diário, constante e redobrado em regiões de clima extremo, como Marabá.
O ambulatório-escola da Afya Marabá oferece atendimento gratuito em diversas especialidades, incluindo Dermatologia. Entre janeiro e setembro deste ano, 353 consultas dermatológicas foram realizadas. Os atendimentos podem ser acessados via encaminhamento das Unidades Básicas de Saúde ou por agendamento direto no ambulatório, localizado na Rodovia Transamazônica, no bairro Amapá, próximo ao Centro da Cidade Nova. A unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h45, e aos sábados, das 8h ao meio-dia.
Com informações de Blog do Zé Dudu
Texto: Elizabete Ribeiro / Temple
